Levantamento do Sebrae, realizado a partir de dados do Banco Central, mostra que apesar das medidas adotadas pelo governo para ampliar o acesso a crédito no país, houve uma redução no número de operações realizadas por empresas de todos os portes. Durante o 2º trimestre de 2020 (considerado o período mais crítico desde o início da pandemia), essa queda foi de 12% (em relação ao 1º trimestre de 2020). Em contraposição, os dados do BC mostram que houve uma expansão de 15% no volume de crédito concedido (na comparação entre os dois trimestres de 2020). A explicação para essa realidade – redução do número de operações X aumento do valor concedido – está no fato de que a maior parte do recurso novo acabou sendo destinado a uma base seleta de clientes, com empréstimos de maiores valores.
Nesse contexto, o levantamento realizado pelos economistas do Sebrae, Giovanni Beviláqua e Marco Bede, mostra que – entre janeiro e junho de 2020 – a quantidade de microempresas e empresas de pequeno porte tomadoras de empréstimos se manteve praticamente a (em torno de 5 milhões de pequenos negócios). Isso se deu na contramão do significativo crescimento da procura por crédito provocado pela crise gerada na pandemia. Pesquisa feita pelo Sebrae junto aos donos de MPE revelou que entre a 1ª semana de abril e a última semana de julho, o percentual de pequenos negócios que havia buscado empréstimos passou de 30% para 54%.
Esse comportamento do sistema financeiro confirma uma tendência de longa data. Desde 2012, os dados mostram que somente cerca de 20% de todo o crédito concedido para empresas no país vão para os pequenos negócios. Os dados confirmam também que as instituições financeiras mantêm inalterados os seus procedimentos de avaliação de risco e seleção de clientes.
Segundo o presidente do Sebrae, Carlos Melles, o grande desafio que o país enfrenta é o de ampliar o número de pequenos negócios com acesso a crédito. “As pesquisas do Sebrae mostram que a maior parte das empresas já voltou a operar. Mas para recuperarem o equilíbrio, será fundamental garantir os recursos necessários para investimentos ou para a recomposição do fluxo de caixa”, ressalta Melles. A dificuldade de acesso a crédito por parte de pequenos negócios ficou mais evidente durante a pandemia, principalmente para aqueles empresários que não tinham um histórico de relacionamento e crédito pré-aprovado antes da crise para realizarem novas operações ou renovarem as existentes.
Instituições não-bancárias ganham destaque
Mesmo os grandes bancos comerciais sendo os mais procurados quando o assunto é empréstimo, as maiores taxas de aprovação de crédito para os pequenos negócios vêm de outras instituições financeiras, como cooperativas de crédito, bancos regionais, agências de fomento, fintechs, entre outras.
“Apesar da grande importância das micro e pequenas empresas para o desenvolvimento da economia do país, ao responderem por 99% de todas as empresas brasileiras e participarem em quase 30% do PIB, isso não se reflete no mercado financeiro de crédito. Por isso, o aumento da participação destas instituições não bancárias foi tão importante para que os pequenos negócios pudessem ter acesso a crédito, principalmente no período mais grave da pandemia”, ressalta o presidente do Sebrae.
Comportamento do crédito no Brasil
Do total de R$ 796,1 bilhões concedidos para empresas durante o 1º semestre do ano de 2020, R$ 160 bilhões foram concedidos para os pequenos negócios (20%). Para as microempresas, houve um aumento de 12,7% do volume de crédito concedido entre o 1º e 2º trimestre, além de aumentos de 21,9% e 17,6% para as empresas de pequeno porte e MEI, respectivamente.
(Fonte: Agência Sebrae Notícias)